Por que o preço do seu produto ou serviço não deve ser um segredo pro cliente
Vamos fazer um exercício comigo: você chega no mercado e lembra que precisa comprar um sabão em pó. Olha o produto, lê as informações, gosta do cheirinho mas não encontra o preço. Apressado, procura uma daquelas máquinas de código de barras, mas ela diz "pergunte ao atendente". Então, procura um, e 10 minutos depois, quando finalmente o encontra, recebe a resposta: "só um minuto que eu vou te escrever num bilhete o preço do produto e já já te dou". A essa altura vc já se irritou, está atrasado pra buscar o filho na escola e desiste da compra.
Parece absurdo, né? "Quem faria uma coisa dessas, só se o mercado quisesse perder dinheiro". Mas olha só, esse tipo de comportamento - guardadas as devidas proporções - é o que muitos empreendedores criativos fazem quando estão anunciando seus produtos na sua principal ferramenta de negócios, o Instagram.
Preço por DM!
Uma prática comum é postar o produto no Instagram, receber comentários com "qual o valor?" e responder "te mando pela DM" (mensagem particular). E o porquê disso? Minhas hipóteses:
a) o empreendedor se sente inseguro quanto ao preço e não quer receber comentários do tipo "nossa, que caro";
b) então o valor fica variando - o produto custa X na feira, custa X no site e outro X no Insta;
c) simplesmente porque quer criar uma expectativa maior no cliente...
Mas mesmo tendo motivo, será que faz sentido usar essa estratégia? Pense na sua experiência como consumidor, esse exercício é sempre válido pra quem é empreendedor e está "do outro lado do balcão", como eu gostaria de ser tratado? Aposto que é com a maior cordialidade e praticidade POSSÍVEL, sem lenga lenga.
Isso também acontece no mundo real, quando o expositor, numa feira criativa, não coloca indicação de preço em lugar nenhum e o cliente precisa perguntar o valor de cada peça.
Empreendedor, seja prático!
Diferente do que se imagina, o cliente interessado por produtos autorais e criativos têm o mesmo tempo disponível que o restante da população, que cada dia mais procura por agilidade e praticidade. É bem verdade também que o cliente que passeia e consome em feiras criativas tem um olhar mais interessado, mas ainda assim, as chances dele desistir da compra quando o próprio vendedor coloca empecilhos é grande.
Por isso, você, pequeno empreendedor criativo (seja de produtos ou serviços), pense duas vezes antes de criar suspense sobre o valor dos seus produtos pra não correr o risco de ser mais um pacote de sabão em pó abandonado numa prateleira qualquer.
Uma margem, de repente?
Uma sugestão alternativa, caso você não queira (por qualquer motivo) indicar o preço de cada peça é criar noções do tipo "a partir de R$ 20 reais". Dessa forma, você oferece um balizamento ao cliente, que pode ter uma noção do valor das peças e decidir de antemão se é para o seu bolso.
Em tempo: no nosso meio (de quem organiza feiras criativas) é comum que as feiras guardem segredo sobre o valor da taxa de inscrição. Na F&S a política é oposta: mesmo havendo curadoria (seleção) de expositores as informações sobre valores e condições pra expor nos eventos são dadas a todos, sem restrição. Medo da concorrência bisbilhotar? Nenhuma. Isso acontece de todo jeito e faz parte do jogo. O nosso principal objetivo é ser o mais atencioso possível com o nosso cliente e nosso potencial cliente também.
E aí, agora me conta:
Enquanto empreendedor, você facilita a vida do seu cliente, deixando o preço à mostra? E enquanto consumidor, essa prática de "preço via direct" ou valor escondido a qualquer custo, te incomoda?
Até a próxima sexta,
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